terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Garota com a Maçãs




Agosto de 1942 - Piotrkow, Polônia.

Naquela manhã, o céu estava sombrio, enquanto esperávamos ansiosamente.

Todos os homens, mulheres e crianças do gueto judeu de Piotrkow tinham sido levados até uma praça.

Espalhou-se a notícia de que estávamos sendo removidos. Meu pai havia falecido recentemente de tifo, que se alastrara através do gueto abarrotado.

Meu maior medo era de que nossa família fosse separada.

"O que quer que aconteça," Isidore, meu irmão mais velho, murmurou para mim,

"não lhes diga a sua idade. Diga que tem dezesseis anos".



Eu era bem alto, para um menino de 11 anos, e assim poderia ser confundido como tal.

Desse jeito eu poderia ser considerado valioso como um trabalhador.

Um homem da SS aproximou-se, botas estalando nas pedras grosseiras do piso.

Olhou-me de cima a baixo, e, então, perguntou minha idade.

"Dezesseis", eu disse.

Ele mandou-me ir à esquerda, onde já estavam meus três irmãos e outros jovens saudáveis.

Minha mãe foi encaminhada para a direita com outras mulheres, crianças, doentes e velhos.

Murmurei para Isidore, "Por quê?"

Ele não respondeu. Corri para o lado da mãe e disse que queria ficar com ela.

"Não," ela disse com firmeza. "Vá embora. Não aborreça. Vá com seus irmãos".

Ela nunca havia falado tão asperamente antes. Mas eu entendi: ela estava me protegendo.

Ela me amava tanto que, apenas esta única vez, ela fingiu não fazê-lo. Foi a última vez que a vi.

Meus irmãos e eu fomos transportados em um vagão de gado até a A lemanha.

Chegamos ao campo de concentração de Buchenwald em uma noite, semanas após,

e fomos conduzidos a uma barraca lotada.

No dia seguinte, recebemos uniformes e números de identificação.

"Não me chamem mais de Herman", eu disse aos meus irmãos. "Chamem-me 94938".

Colocaram-me para trabalhar no crematório do campo, carregando os mortos em um elevador manual.

Eu, também, me sentia como morto. Insensibilizado, eu me tornara um número. Logo, meus irmãos e eu fomos mandados para Schlieben, um dos sub-campos de Buchenwald, perto de Berlim.

Em uma manhã, eu pensei ter ouvido a voz de minha mãe.

"Filho" ela disse suave, mas claramente, "Vou mandar-lhe um anjo".

Então eu acordei. A penas um sonho. Um lindo sonho.

Mas nesse lugar não poderia haver anjos. Havia apenas trabalho. E fome. E medo.

Poucos dias depois, estava caminhando pelo campo, pelas barracas, perto da cerca de arame farpado, onde os guardas não podiam enxergar facilmente. Estava sozinho. Do outro lado da cerca,

eu observei alguém: uma pequena menina com suaves, quase luminosos cachinhos.

Ela estava meio escondida atrás de uma bétula.. Dei uma olhada em volta, para certificar-me de que ninguém estava me vendo. Chamei-a suavemente em A lemão. "Você tem algo para comer?"

Ela não entendeu. A proximei-me mais da cerca e repeti a pergunta em Polonês.

Ela se aproximou. Eu estava magro e raquítico, com farrapos envolvendo meus pés,

mas a menina parecia não ter medo. Em seus olhos eu vi vida.

Ela sacou uma maçã do seu casaco de lã e a jogou pela cerca.

Agarrei a fruta e, assim que comecei a fugir, ouvi-a dizer debilmente, "Virei vê-lo amanhã".

Voltei para o mesmo local, na cerca, na mesma hora, todos os dias. Ela estava sempre lá, com algo para eu comer - um naco de pão ou, melhor ainda, uma maçã.

Nós não ousávamos falar ou demorarmos. Sermos pegos significaria morte para nós dois.

Não sabia nada sobre ela. A penas um tipo de menina de fazenda, e que entendia Polonês.

Qual era o seu nome? Por que ela estava arriscando sua vida por mim?

A esperança estava naquele pequeno suprimento, e essa menina, do outro lado da cerca,

trouxe-me um pouco, como que me nutrindo dessa forma, tal como o pão e as maçãs.

Cerca de sete meses depois, meus irmãos e eu fomos colocados em um abarrotado vagão de carvão e enviados para o campo de Theresiensatdt, na Tchecoeslováquia.

"Não volte", eu disse para a menina naquele dia. "Estamos partindo".

Voltei-me em direção às barracas e não olhei para trás, nem mesmo disse adeus

para a pequena menina, cujo nome eu nunca aprendi - menina das maçãs.

Permanecemos em Theresienstadt por três meses.

A guerra estava diminuindo e as forças aliadas se aproximando, muito embora meu destino parecesse estar selado. No dia 10 de maio de 1945, eu estava escalado para morrer na câmara de gás, às 10:00 horas. No silencioso crepúsculo, tentei me preparar. Tantas vezes a morte pareceu pronta para me achar, mas de alguma forma eu havia sobrevivido. A gora, tudo estava acabado.

Pensei nos meus pais. A o menos, nós estaremos nos reunindo.

Mas, às 08:00 horas ocorreu uma comoção.

Ouvi gritos, e vi pessoas correndo em todas as direções através do campo.

Juntei-me aos meus irmãos.

Tropas russas haviam liberado o campo! Os portões foram abertos.

Todos estavam correndo, então eu corri também..

Surpreendentemente, todos os meus irmãos haviam sobrevivido.

Não tenho certeza como, mas sabia que aquela menina com as maçãs tinha sido a chave da minha sobrevivência. Quando o mal parecia triunfante, a bondade de uma pessoa salvara a minha vida,

me dera esperança em um lugar onde ela não existia.

Minha mãe havia prometido enviar-me um anjo, e o anjo apareceu.

Eventualmente, encaminhei-me à Inglaterra, onde fui assistido pela Caridade Judaica.

Fui colocado em um abrigo com outros meninos que sobreviveram ao Holocausto e treinado em Eletrônica. Depois fui para os Estados Unidos, para onde meu irmão Sam já havia se mudado.

Servi no Exército durante a Guerra da Coréia, e retornei a Nova Iorque, após dois anos.

Por volta de agosto de 1957, abri minha própria loja de consertos eletrônicos.

Estava começando a estabelecer-me.

Um dia, meu amigo Sid, que eu conhecia da Inglaterra, me telefonou.

"Tenho um encontro. Ela tem uma amiga polonesa. Vamos sair juntos!".

Um encontro às cegas? Não, isso não era para mim!

Mas Sid continuou insistindo e, poucos dias depois, nos dirigimos ao Bronx para buscar a pessoa

com quem marcara encontro e a sua amiga Roma. Tenho que admitir: para um encontro às cegas, não foi tão ruim. Roma era enfermeira em um hospital do Bronx. Era gentil e esperta. Bonita, também, com cabelos castanhos cacheados e olhos verdes amendoados que faiscavam com vida.

Nós quatro fomos até Coney Island. Roma era uma pessoa com quem era fácil falar e ótima companhia. Descobri que ela era igualmente cautelosa com encontros às cegas.

Nós dois estávamos apenas fazendo um favor aos nossos amigos. Demos um passeio na beira da praia, gozando a brisa salgada do A tlântico e depois jantamos perto da margem. Não poderia me lembrar de ter tido momentos melhores.

Voltamos ao carro do Sid, com Roma e eu dividindo o assento trazeiro.

Como judeus europeus que haviam sobrevivido à guerra, sabíamos que muita coisa deixou de ser dita entre nós. Ela puxou o assunto, perguntando delicadamente:

"Onde você estava durante a guerra?"

"Nos campos de concentração", eu disse.

As terríveis memórias ainda vívidas, a irreparável perda. Tentei esquecer.

Mas jamais se pode esquecer.

Ela concordou, dizendo: "Minha família se escondeu em uma fazenda na A lemanha,

não longe de Berlim . Meu pai conhecia um padre, e ele nos deu papéis arianos."

Imaginei como ela deve ter sofrido também, tendo o medo como constante companhia.

Mesmo assim, aqui estávamos, ambos sobreviventes, em um mundo novo.

"Havia um campo perto da fazenda", Roma continuou.

"Eu via um menino lá e lhe jogava maçãs todos os dias."

Que extraordinária coincidência, que ela tivesse ajudado algum outro menino.

"Como ele era?", perguntei.

"Ele era alto, magro e faminto. Devo tê-lo visto todos os dias, durante seis meses."

Meu coração estava aos pulos! Não podia acreditar! Isso não podia ser!

"Ele lhe disse, um dia, para você não voltar, por que ele estava indo embora de Schlieben?".

Roma me olhou estupefata. "Sim!".

"Era eu!".

Eu estava para explodir de alegria e susto, inundado de emoções.

Não podia acreditar! Meu anjo!

"Não vou deixar você partir", disse a Roma.

E, na trazeira do carro, nesse encontro às cegas, pedi-a em casamento. Não queria esperar.

"Você está louco!", ela disse.

Mas convidou-me para conhecer seus pais no jantar do Shabbat da semana seguinte.

Havia tanto que eu ansiava descobrir sobre Roma, mas as coisas mais importantes eu sempre soube: sua firmeza, sua bondade. Por muitos meses, nas piores circunstâncias, ela veio até a cerca

e me trouxe esperança. Não que eu a tivesse encontrado de novo, eu jamais a havia deixado partir.

Naquele dia, ela disse sim. E eu mantive a minha palavra.



Após quase 50 anos de casamento, dois filhos e três netos, eu jamais a deixara partir.”

Herman Rosenblat - Miami Beach, Florida

***

Esta é uma história verdadeira e você pode descobrir mais sobre ele no Google.



Ele fez Bar-Mitzvah com a idade de 75 anos.

Esta história está sendo transformada em filme, chamado " A cerca".

Esta mensagem tem a pretensão de alcançar 40 milhões de pessoas, mundo afora.

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BRINCADEIRA DE CRIANÇA




Papagaio ou pipa é o forte dos garotos de periferias.

Mas para os garotos bem posicionados, pipa não tem muita graça. Primeiro morando em arranha-céu, nem comportaria.

Para o outro grupo de crianças bom mesmo é estar de pés descalços, desfiar a linha, jogar no ar aquela engenhoca e fazê-la voar o mais alto possível.

É uma glória a criança ver a sua pipa ficar tremulando no alto dando-lhe a idéia de sonhos, com a leveza do voar distante com o seu papagaio naquele momento.

Ali eles se esquecem de comer, de tomar água e se perdem no tempo!

É uma brincadeira barata, mas muito prazerosa.

Ver uma pipa no ar é o mesmo que ver um sonho infantil voando.

Traçar a linha de uma pipa sobre outra e trazê-la ao chão é para eles uma grande vitória. Correr atrás para pegá-la para si é outra vitória que também conta.

É muito bom ser criança, se sonha, se ilude, e o coração infantil fica nas alturas com brinquedos vindos de natureza muito simples.

Quando crescemos ficamos exigentes e a pipa fica para trás, tal como aquelas bonecas mais baratas que os pais compravam para as meninas por falta de recursos.

Perdemos a inocência e a pureza. Passamos a ver o mundo como trágico. Colocamos em nós a desesperança mediante os acontecimentos inesperados do dia a dia.

Desacreditamos em um futuro mais significativo e o medo de ficar de pés descalços aparece, pois vivemos amedrontados com a enxurrada de bactérias, fungos, micróbios que a ciência busca nos convencer que estão às soltas tentando uma oportunidade para através dos nossos pés ou mãos causar diversos tipos de estragos no nosso organismo.

Crescemos de verdade em tamanho, mas nos tornamos adultos teimosos e incapazes de sorrir em certos momentos como criança quando solta uma pipa e vê-la voando com a sua cauda de lá para cá, balançando e gingando graciosamente. O que fazer para nos tornarmos livres e saudáveis internamente como um pensamento que se faz dentro da nossa mente e ao mesmo tempo se desfaz?

Como reacender a chama da criancice em nós se hoje nos conectamos rapidamente com as desgraças do mundo?

E como nos convencer nesse exato momento que precisamos implementar o consenso energético da esperança nas brincadeiras que a alma deseja fazer para alimentar a nossa criança escondida que jamais vai perecer?

No entanto, nem tudo pode-nos parecer trágico.

Olhemos a vida de maneira mais suave, observando que um ciclo se fecha mas outro se abre brilhantemente para nos acolher em energias amorosas e em proporções gigantescas!

Tornemos realidade o ciclo da paz aceitando que as mudanças desse planeta encantador já estão acontecendo para que a luz flua incandescendo em todos os corações que se alimentam de ternura!

Enfeitemos de sonhos infantis as nossas almas com a pureza do desabrochar de uma linda rosa ao sinal do som do amanhecer.

Nem tudo se perdeu no tempo. Coloquemos mentalmente a nossa criança interna para se divertir com os seus coleguinhas de infância e entremos no mundo infantil de pipas, bola, pião, bonecas, brincadeiras de roda, bichinhos de pelúcia e outras para que sem restrições essa criança se faça de criança, sentindo o cheiro da criança adormecida que precisa ser despertada com carinho deixando para trás a culpabilidade das diferenças que tiveram os seus pais.

Bobagem, nossos pais também foram crianças e talvez não souberam dar ênfase a sua idade infantil, e, em alguns casos não conseguiram nos presentear com os afagos que gostaríamos.

Agora compreensivamente despertemos a nossa criança, porque não temos mais como cultuar esses velhos sentimentos do passado.

Podemos apelar para a ajuda interna ou externa para resgatar o perdão e podermos como adultos ser livres de verdade, resolvidos e abertos a felicidade baseada empiricamente no campo concreto da vida vivendo em paz conosco

e com o mundo.

Genoveva

Canal: Francyska Almeida-Fort-Ce.
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